Texto bíblico: Dn 1.1-2; 7.1; 12.4
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INTRODUÇÃO
Estamos iniciando o último trimestre de 2014, durante as próximas
lições estudaremos Daniel. Esse livro bíblico traz muitas orientações
para a integridade moral e espiritual do povo de Deus. Na aula de hoje
faremos uma apresentação panorâmica do livro, destacando sua atualidade
em relação às questões morais e espirituais que a igreja tem enfrentado.
Mostraremos que Daniel, de certo modo, é nosso “contemporâneo”, na
medida em que se identifica com os mesmos desafios que a igreja precisa
enfrentar em períodos de crise.
1. DANIEL, O PROFETA
Daniel, cujo nome significa “Deus é meu Juiz” foi um profeta (Mt.
24.15), do qual pouco podemos saber a respeito, além do que nos está
registrado na Bíblia. Como Isaias era também membro da tribo de Judá, e
ao que tudo indica, membro da família real (Dn. 1.3-6). Em razão do
cativeiro judaico na Babilônia, Daniel teria sido levado muito jovem
para essa terra (Dn. 1.4), no terceiro ano de Joaquim (605 a. C.), oito
anos antes da ida de Ezequiel para esse mesmo cativeiro. Quando à
Babilônia, Daniel foi colocado na corte de Nabucodonosor, tornando-se
conhecedor da ciência dos caldeus, e se destacando em seu conhecimento
diante dos demais sábios. Uma demonstração da superioridade do
conhecimento de Daniel foi reconhecida na capacidade dada por Deus para
interpretar o sonho de Nabucodonosor. Esse episódio deve ter ocorrido no
segundo ano do seu reinado, por volta do ano 603. a. C. Alguns anos
mais tarde sucedeu o segundo sonho de Nabucodonosor, também interpretado
pelo profeta. Daniel foi levado a uma alta posição de poder durante o
reinado babilônico. Ele passou 70 anos no cativeiro, tendo acompanhado o
governo medo-persa, de Dario e Ciro. Justamente durante esse governo o
profeta de Deus foi lançado na cova dos leões, por causa da sua
fidelidade a Deus. Daniel nos deixou um legado de fidelidade a Deus,
mesmo nos períodos de crise moral e espiritual. O livro de Daniel se
acha dividido em duas partes (1) histórica e (2) profética, na primeira
parte Daniel é apresentado em terceira pessoa; na segunda parte ele
mesmo narra os episódios. A seguir destacamos os princípios assuntos: 1)
Daniel e seus companheiros na corte de Nabucodonosor; 2) o sonho do rei
com respeito à grande imagem, simbolizando quatro reinos; 3) a fornalha
de fogo na qual são lançados os companheiros de Daniel; 4) o sonho de
Nabucodonosor no qual foi vista e uma grande árvore; 5) o banquete
suntuoso e profano de Belsazar; 6) Daniel é lançado na cova dos leões
por causa da sua fidelidade a Deus; 7) visão dos quatro grandes animais
que subiam do mar, e seu juízo diante do Ancião de Dias;
visão do carneiro com dois chifres, ferido pelo bode, que tinha um
chifre entre os olhos; 9) compreensão da profecia de Jeremias (Jr.
25.12; 29.10), quanto aos setenta anos das idolatrias de Jerusalém; e
10) outras visões de Daniel a respeito do futuro de Israel e das outras
nações.
2. NOSSO “CONTEMPORÂNEO
“O cenário espiritual de Judá, nos tempos do profeta
Daniel, era caótico, isso porque nos anos 608 a 597 a. C., Joaquim
reinava em Jerusalém (II Rs. 23.34). Naqueles dias duas nações lutavam
pelo controle da região, a saber, Assíria e Egito. Neco, rei do Egito,
subira para batalhar contra o rei da Assíria (II Rs. 23.29, Josias, que
era o rei de Judá, decidiu atacar o Egito, mas morreu na batalha de
Carquemis, em 608 a. C. Neco, em resposta ao ataque, destituiu a Jeocaz,
filho de Josias, tendo esse reinado apenas três meses, impondo pesados
tributos a Judá, constituindo rei a Jeoaquim, irmão deposto de Jeocaz
(II Rs. 23.31-35). Joaquim foi um rei ímpio, tendo este rasgado e
queimado o rolo da Palavra de Deus, que continha as mensagens do profeta
Jeremias (Jr. 36.20-26). De certo modo a situações política daquela
época não é diferente dos desafios que temos enfrentado nos dias atuais.
A Palavra de Deus está sendo desconsiderada, os governantes estão
preocupados, a fim de agradar a determinados grupos, em retirar os
princípios cristãos de pauta. Acompanhamos, na sociedade brasileira, um
processo de descristianização do valores, e uma processo contínuo de
secularização. Alguns sacerdotes estão fazendo conchavos com os
políticos, a fim de tirarem proveito pessoal das iguarias que lhes são
oferecidas. Os profetas de Deus, tal como Jeremias e Daniel, estão
denunciando esses impropérios, e por isso estão sendo perseguidos. Como
fez Joaquim com o profeta Urias, ao desagradá-lo com mensagens
contrários, alguns governantes estão perseguindo, e se for o caso,
matando os profetas de Deus (Jr. 26.20-23). Mas Deus acompanha os
acontecimentos, Ele é Senhor da história, no ano 606 a. C., o cenário
militar foi modificado, uma vitória de Nabucodonosor, da Babilônia,
sobre Neco, consolidou esse governo como uma potencial mundial. Em 605
a. C., após várias incursões sobre Jerusalém, Nabucodonosor domina
aquele local e leva cativo os nobres, dentre eles Daniel, para o
cativeiro, o rei Joaquim rendeu-se sem resistência. A abominação tomou
conta de Jerusalém, pois em 586 a. C., após dezoito meses de sítio, os
exércitos do rei da Babilônia saquearam a cidade, destruindo também o
templo. O reinado de Nabucodonosor durou o período de 43 anos, tendo
sido uma período de desolação para o povo judeu, por se encontrar no
cativeiro (Sl. 137.1-9).
3. IDENTIFICAÇÃO COM DANIEL
Daniel
nos mostra como viver para Deus em temos de falta de integridade moral e
espiritual, principalmente na juventude. Por meio dos profetas o povo
de Judá foi advertido, Jeremias e Habucuque anteciparam que a Babilônia
invadiria Jerusalém, e levaria seu povo cativo. O testemunho de Daniel
inspira os crentes a viverem em santidade, e se aproximarem de Deus,
ainda que a maioria relativize Sua palavra. Daniel estava diante de uma
geração que estava colhendo os frutos que os seus pais haviam semeado
(Dn. 1.2). Isso nos mostra que a apostasia espiritual não acontece de
uma hora para outra, é resulta de uma negligência paulatina, um
distanciamento sutil da Palavra de Deus. O povo de Israel, ao invés de
confiarem na Palavra, estavam se fundamentando no templo (Jr. 7.7). Os
templos são necessários, e importantes para as igrejas, mas é a Palavra
que conduz às vidas pelos caminhos do Senhor. Um templo suntuoso não
salvará uma igreja da ruína espiritual, o avivamento não depende de
estruturas arquitetônicas, mas da dependência de Deus. Daniel nos
inspira a continuar acreditando na intervenção divina, mesmo diante dos
tempos difíceis, a despeito de suas perdas e das vicissitudes pelas
quais passou, seu coração permanecia em Deus. Ao invés de murmurar pelas
adversidades, o jovem Daniel buscou discernimento e aproveitou as
oportunidades, para estudar na Universidade da Babilônia. Ainda que
Nabucodonosor quisesse desintegrar a identidade dos jovens judeus,
inclusive alterando os seus nomes, Daniel sabia quais eram suas raízes, e
se matinha fiel aos seus princípios. Durante o período em que esteve
naquela Universidade, Daniel equilibrou o seu tempo, de modo a não se
deixar contaminar com as iguarias do rei, e dedicando tempo sua vida
devocional diante do Senhor (Dn. 1.5). O homem de Deus sabia que não
podia se deixar dominar pela aculturação, isto é, pelo domínio cultural
dos babilônicos, aprendeu a tirar proveito do que era necessário, mas
sem relativizar seus valores judaicos. O mundo pode tentar modificar os
nossos nomes, mas não pode mudar nossos corações, como Daniel não
podemos esquecer-nos de quem somos, e o propósito para o qual fomos
criados.
CONCLUSÃO
Mesmo quando obteve honra em sua vida profissional, Daniel não se
esqueceu de Deus. Após a conclusão da sua graduação, passou a servir no
palácio de Nabucodonosor, mas sempre se manteve fiel aos seus
princípios. Aqueles que fazem a vontade de Deus seguirão seu curso,
mesmo depois da queda dos impérios, assim ocorreu com Daniel, que serviu
até o primeiro ano de Ciro, rei persa, depois da queda da Babilônia.
Deus está no comando das situações da vida daqueles que decidem viver
para Ele, mesmo nos tempos de crise a mão do Senhor estarão sobre eles. O
futuro está no controle de Deus, ao Seu tempo fará o que Lhe apraz,
conforme Seus desígnios.
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