4º Trimestre/2014
Texto Base: Dn 9:20-27
“Setenta semanas estão determinadas
sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e
dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar
a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos” (Dn 9:24).
Nesta Aula,
estudaremos uma das mais impressionantes e controvérsias profecias registradas
nas Escrituras Sagradas, as “Setenta Semanas de Daniel” (Dn 9:24-27). Infelizmente
é uma das passagens mais mal-entendidas no Antigo Testamento. Somos cônscios
que ela é a profecia-chave da escatologia bíblica. Nela, vemos um panorama que
facilita a compreensão dos acontecimentos sobre o fim dos tempos. Já sabemos que
esta profecia se cumpriu até a 69ª semana, ou seja, falta apenas uma semana
para que seja integralmente cumprida, uma vez que a contagem das semanas parou
quando da rejeição de Jesus por Israel. O anjo Gabriel disse ao profeta Daniel que
“… setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa
cidade...” (Dn 9:24). Portanto, as “setenta semanas” estão relacionadas,
diretamente, com a nação de Israel (“o teu povo”) e com Jerusalém (“a tua santa
cidade”).
I.
DANIEL INTERCEDE A DEUS PELO SEU POVO (Dn 9:3-19)
1. O tempo da Profecia de Jeremias (Dn
9:1,2). “no ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi
pelos livros que o número de anos, de que falou o SENHOR ao profeta Jeremias,
em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos”
(Dn
9:2).
“...
era de setenta anos”. Daniel
analisou as profecias do profeta Jeremias e descobriu que o mesmo profetizara
que a restauração de Israel começaria dentro de setenta anos (cf. Jr 25:11,12;
29:10-14). E os setenta anos de cativeiro do povo judeu estavam quase no fim, e
não havia indício do retorno e da restauração prometidos. Daniel, portanto,
ficou muito aflito. E, então, ele orou a Deus, pedindo-lhe o cumprimento
literal da promessa ao seu povo e que, por fim, Ele restaurasse o reino a
Israel.
Por que 70 anos de cativeiro? Segundo o pr. Severino Pedro da Silva, Setenta anos
de cativeiro sobre a nação foi para ‘que
a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousaram,
até que os setenta anos se cumpriram’ (2Cr 36:21). Deus ordenou a Israel,
no deserto, que trabalhasse seis dias em sete e, semelhantemente, seis anos em
sete. (ver Ex 20:9,10; Lv 25:1-7). A guarda do sábado à risca foi observada por
Israel logo no deserto, e um homem foi morto porque apanhou lenha no sábado (cf.
Nm 15:32-36).
A segunda ordem de Deus para que se guardasse o ano sabático
só entraria em vigor com a entrada da nação na terra prometida (ver Lv 25:2-4).
Durante esse ano (de repouso), a terra não era lavrada, o fruto era livre e a
confiança do povo em Deus era provada. Aprendemos de Deuteronômio 31:10-13 que
esse ano era empregado para dar instrução religiosa ao povo. Durante os
490 anos da monarquia, essa lei não foi observada, como devia ter sido por 70
vezes. Por isso, foram dados ao povo 70 anos de cativeiro (ver 2Cr 36:21).
2.
A confissão dos pecados de um povo (Dn 9:3-11,20). “E eu dirigi
o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração, e rogos, e jejum, e pano
de saco, e cinza. E orei ao Senhor
meu Deus e confessei, e disse…” (Dn 9:3,4).
"...
e confessei, e disse". O texto em foco mostra Daniel assumindo a posição
de sacerdote (ainda que não o fosse) e fazendo confissão. A confissão é a
expressão pública da fé. Enquanto o testemunho se dirige aos homens, a
confissão dirige-se a Deus, num movimento espontâneo de gratidão e louvor.
Daniel deseja ardentemente ver o seu povo perdoado e a cidade de Jerusalém,
principalmente o templo do Senhor reedificados. Por isso, ele começou a
interceder, de todo coração, “com oração,
e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza”. A oração na vida de Daniel era
um costume regular. Ele, costumeiramente, orava três vezes ao dia (Dn 6:10).
Daniel começou a orar, com intercessão, reconhecendo a grandeza de Deus,
o seu amor e sua misericórdia para com aqueles que o amam e o obedecem (Dn
9:4). A seguir, fez confissão do pecado, identificando-se com o povo de Israel
que pecara contra Deus e se rebelara contra Ele (Dn 9:5-16). Pediu a
restauração de Jerusalém, não por causa de qualquer mérito seu, ou de Israel,
mas “por amor do Senhor” (Dn 9:17-19). Então chegou Gabriel, um embaixador da
corte celestial, com a resposta e mais promessas para o povo de Deus. Quando
Deus respondeu, demonstrou sua grande misericórdia e compaixão amorosa como o
Deus que, realmente, cumpre as suas promessas.
3.
Daniel reconheceu a justiça de Deus (Dn 9:7,16). “A ti, ó Senhor, pertence a justiça...” (Dn 9:7).
Comentando este
versículo, o pr. Elienai Cabral diz que “em relação aos homens, toda justiça é
relativa, porque nossas justiças são como trapos de imundícia (Is 64:6). Porém,
em relação à natureza divina, a justiça de Deus faz parte da sua essência, isto
é, a justiça é a maneira pela qual sua essência é expressa para com o mundo. A
santidade é sua essência, por isso, a justiça é a retidão da natureza divina
que o revela como um Deus justo. Deus é o que ele é, e não precisa ser nem se
esforçar. Quando Daniel confessa e declara que a ‘justiça pertence a Deus’ está,
de fato, proclamando a perfeição dessas qualidades morais como intrínsecas a
Deus. No caso da oração de confissão de Daniel sobre o seu povo, mesmo que não
pudesse entender totalmente a manifestação da justiça de Deus contra sua gente
permitindo sua humilhação e extradição, Daniel sabia que a justiça de Deus é
perfeita. Ele mesmo diz: ‘A ti, Senhor, pertence a justiça’".
II.
DEUS REVELA O FUTURO DO SEU POVO (Dn 9:24-27).
1.
As setenta semanas (Dn 9:24). “Setenta semanas estão
determinadas sobre o teu povo...”.
Quando Daniel recebeu a profecia das 70
Semanas (Dn 9:20-27) seu povo estava cativo na Babilônia. Nabucodonosor tinha
desolado totalmente a cidade de Jerusalém (2Cr 36:17-21). Segundo as profecias
essa desolação deveria durar setenta anos (2Cr 36:21; Jr 25:11; Dn 9:1,2).
Ao ler
as Escrituras, especialmente o livro de Jeremias, Daniel descobre que o tempo do cativeiro
havia chegado ao fim (Dn 9:2). Apesar disso, muitos dentre o povo estavam
acostumadas com a Babilônia. Do mesmo modo, em
nossos dias muitos que se dizem cristãos estão acostumados e conformados
com o mundo, entretanto, a nossa pátria está nos céus; devemos, pois, clamar
pela volta de Jesus.
Apesar
da apatia dos judeus, Daniel sabia das promessas do Senhor. Ele desejava a restauração da sua nação, por isso, ele começou
orar, e na sua súplica pela restauração da nação podemos notar que ele
desejava: o perdão pelas transgressões de Israel; pede para
que cessasse a ira e o furor do Senhor sobre Jerusalém e sobre o templo; pede
o cumprimento da profecia com a libertação do cativeiro; o retorno para
Canaã e o restabelecimento do culto.
Deus
ouviu a oração de Daniel, mas o Senhor sabia que não bastaria apenas o retorno
do cativeiro para que o problema de Israel fosse resolvido. A nação precisava
ser purificada dos seus pecados, ser plenamente e definitivamente restaurada. Ao
receber a resposta de sua oração, o anjo Gabriel trouxe-lhe novas revelações
sobre as 70 semanas. Disse-lhe o anjo: “Setenta semanas estão
determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a
transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça
eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos” Dn 9:24).
Esta
profecia não tem nenhuma relação com os 70 anos do cativeiro babilônico, que já
se cumpriram. Esta profecia acrescenta 490 anos de desolação sobre Israel.
A palavra hebraica traduzida por
semanas, em Dn 9:24, é shabua, que
significa sete. Portanto, a tradução literal deste texto seria:
"setenta setes estão determinados...". Para os judeus uma semana
poderia ser "uma semana de dias" (Dn 10:2,3), ou "uma semana de
anos”. No caso aqui, sem dúvida, semana de anos. Há uma profecia, que nada tem
a ver com as setenta semanas, mas serve para esclarecer esta questão. Trata-se
da profecia do exílio proclamada pelo profeta Ezequiel: "Porque eu te dei os anos da sua
iniquidade, segundo o número dos dias... Quarenta dias te dei, cada
dia por um ano..."(Ez 4:5,7). Notamos aqui que cada dia representa
um ano. Se uma semana tem sete dias, então uma semana de anos tem sete anos.
Portanto, as setenta semanas compreendem um período de 490 anos (setenta
semanas de sete, ou seja, 70 x 7 = 490).
As setenta semanas foram divididas em
três períodos. Vejamos, resumidamente, uma análise desses períodos.
a) Primeiro período. “... desde
a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém... sete semanas...”
(Dn 9:25). Aqui está o ponto de partida para a contagem das setenta semanas: “a saída da ordem”. São encontradas duas
ordens nesse tempo do cativeiro: a primeira foi promulgada por Ciro,
rei dos persas, e a segunda por Artaxerxes Longímano. Examinando Esdras
1:2,3, fica esclarecido que a primeira “ordem”, dada por Ciro, não foi para
“restaurar e para edificar Jerusalém”, e sim, para edificar o Templo. É
evidente que a “ordem” referida por Gabriel não é a de Ciro, e sim a de
Artaxerxes, que a promulgou no dia 14 do mês de Nisã (março/abril) do ano 445
a.C. Neemias registra o dia no qual essa ordem foi dada: "No mês de
Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes..."(Ne 2:1). Segundo
historiadores, o rei Artaxerxes subiu ao trono em 465 a.C. Desta feita, seu
vigésimo ano é 445 a.C. Nesta mesma data iniciou-se a contagem do primeiro
período, e terminou aproximadamente no ano 396 a.C., o que é relativo a 49 anos
(7 semanas de anos).
b) Segundo período. “... sessenta e duas semanas...” (Dn 9:25). O primeiro período que
começou no ano 445 a.C, terminou em 396 a.C. A partir daí se iniciaria um novo
período que cobriria um lapso de tempo de 434 anos (62x7), dando sequência ao
primeiro que foi de 49 anos. O segundo período que é o das "sessenta e
duas semanas" está ligado ao primeiro que, juntos, somam 483 anos, tempo
esse em que “as ruas e as tranqueiras se
reedificarão, mas em tempos angustiosos” (Dn 9:25). Esses tempos sombrios
marcam as atrocidades sofridas por Israel debaixo do poder dos monarcas
selêucidas, e do domínio romano. Dentro deste período de 69 semanas (483 anos),
um fato notável deveria acontecer: o nascimento do Messias, o Príncipe, e só
depois da morte do Messias é que viria o terceiro período: Uma Semana. É
realmente impressionante observar que desde o decreto para a restauração até a
entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21:1-10) passaram-se exatamente 69
semanas ou 483 anos (isto é, 69 x 7 = 483).
Para
encontrar o final das sessenta e nove semanas, temos que reduzi-las a dias. São
69 semanas de 7 anos cada uma, e cada ano tem 360 dias (ano judaico), então, a
equação à qual chegamos é 69 x 7 x 360 = 173.880 dias. Começando com 14 de
março (mês de nisã) de 445 a.C. – data do decreto do rei Artaxerxes -, este
total nos leva até 6 de abril de 32 a.D., a data em que Jesus entrou em
Jerusalém. Este dia é aquele profetizado no Salmo 118:24-26, que apontava para
a entrada triunfal de Jesus, quando os judeus clamavam "Bendito é o rei que vem em nome do Senhor"(Lc
19:38; Sl 118:26).
c) Terceiro período. A profecia menciona 70 semanas, isto é,
490 anos, mas somente 483 (69 x7) anos foram cumpridos. Resta ainda 7 anos (490
- 483 = 7), e este período restante é a septuagésima semana de Daniel, que se
cumprirá na Grande Tribulação, sobre a qual a profecia diz: “E ele (o
Anticristo] firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da
semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das
abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado
será derramado sobre o assolador” (Dn 9:27). Confrontando esta passagem com
a profecia de Jesus constante de Mateus 24:15-21, fica provado que a
septuagésima semana representa o tempo total da Grande Tribulação: sete anos.
Se
esta última semana ainda não se cumpriu, então é porque há um intervalo entre a
69ª e a 70ª semanas. Porque os judeus rejeitaram o seu Rei (Lc 19:42), as bênçãos
do reino Messiânico que deveria trazer a paz, ficaram adiadas para o futuro (Is
9:6,7; Zc 9:9,10).
Deve-se
notar que a profecia é clara em afirmar que antes da septuagésima semana
"haverá guerra; desolações são determinadas"(Dn 9:26). Isso deixa
claro que a septuagésima semana ainda não se cumpriu, pois até agora Israel
continua buscando a paz (Sl 122:6-9; Jr 23:5,6; Lc 19:42). A paz só virá quando
Jesus, o Príncipe da Paz, retornar com poder e glória (Mt 24:29-31).
2. O intervalo entre a 69ª
e a 70ª semana de Daniel (Dn 9:26). “E, depois das sessenta e
duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe,
que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma
inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações”.
Notamos uma pausa após o segundo período, ou
seja, a contagem é interrompida faltando uma semana. A pausa acontece devido a
morte do Messias: “será
morto o Ungido e já não estará”. Esta pausa é de tempo
indeterminado e corresponde a era da Igreja.
Observe que dois eventos deveriam acontecer após a 69ª semana: a
morte do Messias e a destruição de Jerusalém. A história mostra que a
destruição de Jerusalém - realizada pelo “povo de um príncipe
que há de vir” -, liderada
pelo general romano Tito, ocorreu no ano 70 a.D. Portanto, o segundo evento
aconteceu quase 40 anos depois do primeiro (a morte do Messias).
Há um
detalhe interessante que deve ser observado: a profecia coloca a destruição de
Jerusalém depois da 69ª semana, bem como a coloca antes da 70ª semana. Com essa
evidência, observamos que a septuagésima semana não segue imediatamente à
sexagésima nona. Há pelo menos um intervalo de 38 anos (entre a morte de Cristo
em 32 a.D. e a destruição de Jerusalém em 70 a.D.); e se há um intervalo de 38
anos, pode então haver um intervalo ainda maior. O período deste intervalo nós
não sabemos quanto tempo durará, mas fica evidente que há esse intervalo de
tempo entre as semanas. Até agora esse intervalo tem durado quase dois mil
anos. É o período da dispensação da graça mencionada por Paulo (Ef 3:2,3), ou a
dispensação do mistério (Ef 3:2,3; Rm 16:25; Cl 4:3), ou período dos gentios
(Ef 3:5,6; Rm 11:25; Lc 21:24; Ap 11:2). Terminando esse tempo, Deus voltará a
tratar com Israel, na última das setenta semanas.
É digno de nota ressaltar que a profecia de Daniel não menciona a
Igreja, mas fala apenas do povo de Israel. Isso ocorre porque a Igreja era um
mistério oculto em Deus (Ef 3:9; Rm 16:25), que veio a revelar-se neste período
de intervalo entre as 69ª e 70ª semanas de Daniel.
3. A profecia é exclusivamente para Israel. O texto de Daniel 9:24 é muito claro: a
profecia se refere à nação de Israel, o povo de Daniel, e tem relação com a
cidade de Jerusalém.
Os amilenistas e pós-milenistas
interpretam que a septuagésima semana se cumpriu nos dias anteriores à
destruição de Jerusalém ocorrida no ano 70 de nossa era, ou então
interpretam-na espiritualmente, dizendo que ela se cumpriu na 1ª vinda de
Jesus. Mas, conforme declara a profecia, as 70 semanas foram dadas: “... para fazer cessar a transgressão, para dar
fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para
selar a visão e a profecia, e para ungir o santo dos santos"(Dn 9:24).
Todas estas benções têm relação com Israel sobre quem vieram as 70 semanas. É
claro que nenhuma dessas bênçãos se cumpriu ainda.
Quando o Príncipe, mencionado em Daniel 9:25, o Messias, veio a Israel, Ele foi rejeitado
(João 1:11; Lc 19:14), e Israel tornou-se ainda mais o alvo dos castigos
divinos. Também, a iniquidade de Israel não foi expiada, pois somente o
será quando esta nação reconhecer que o Jesus que eles rejeitaram é o Messias
prometido, e isso só acontecerá no futuro, quando Jesus voltar (Zc 12:10; Mt 24:30;
Rm 11:25-27; Lc 19:15).
Portanto, cremos que a última semana (a septuagésima)
ainda não se cumpriu. Isto estabelece um intervalo de tempo entre a 69ª e a 70ª
semana de Daniel.
4. Os
três príncipes são mencionados na profecia (Dn 9:25,26). Na verdade, estes versículos
referem-se a dois príncipes, e não três - “Sabe
e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até
ao Messias, o Príncipe...” (Dn 9:25); “...e o povo do príncipe,
que há de vir, destruirá a cidade e o santuário...” (Dn 9:26); “...E ele
firmará um concerto com muitos por uma semana...” (Dn 9:27).
O primeiro “príncipe” tem o seu nome escrito com "P"
maiúsculo, enquanto que o segundo está com "p" minúsculo. No
versículo 25, o "Príncipe"
escrito com "P" maiúsculo é chamado, também, o Messias. No versículo
27, o "príncipe"
escrito com "p" minúsculo, é chamado "ele", que fará um concerto com muitos por uma semana. Certamente,
o segundo príncipe (“ele”) refere-se ao Anticristo; a
besta referida no Apocalipse; o chifre pequeno referido no capítulo 7:8 de
Daniel. O primeiro Príncipe (é Cristo)
aparecerá dentro das 69 semanas; o segundo, porém, só na septuagésima semana de
anos.
Observe bem a frase: "e o povo do príncipe, que há de vir,
destruirá a cidade e o santuário". Este texto não diz que "o príncipe" destruiria a cidade, e
sim, o "seu povo". Essa profecia
se refere ao "povo romano",
liderado por Tito, filho do imperador Vespasiano, que destruiu a cidade de
Jerusalém e o Templo no ano 70 d.C.
Portanto, o "príncipe", o
Anticristo, ainda virá, e surgirá na "última semana" da profecia de
Daniel, não para destruir a cidade e o santuário, mas para profaná-lo (ver 2Ts
2:4).
III.
OS PROPÓSITOS DA SEPTUAGÉSSIMA SEMANA (Dn 9:27)
“E ele firmará um concerto com muitos por uma
semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à
consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador”.
1. Revelar o homem do
pecado (2Ts 2:3). Daniel
9:27 começa com o pronome "ele”. Que personagem será esse? O apóstolo
Paulo o identifica como o “o homem do pecado”. É também identificado como
"o rei de cara feroz"; "o chifre pequeno" que surgirá do
“animal terrível e espantoso", representando o império romano. De alguma
nação aonde predominava o império romano surgirá "o príncipe” que “firmará um
concerto com muitos por uma semana“ (Dn 7:24,25). Esse personagem é, também, identificado na linguagem do
Novo Testamento como "o Anticristo" (1João 2:18; 4:3) e como "a
Besta que saiu do mar"(Ap 13:1). O personagem é apresentado numa linguagem
figurada mas a sua existência será literal. Ele será um líder mundial que
chamará a atenção das nações da terra pela inteligência que demonstrará na
diplomacia e na astúcia política.
Bem no início do seu governo fará um
concerto com Israel por sete anos (Dn 9:27). Mas passados três anos e meio, ele
romperá o concerto feito com Israel, e assentará no Templo para ser adorado
como deus (2Ts 2:4). Também, estará em ação o falso profeta, assessor imediato
do Anticristo, e será decretada a obrigatoriedade de todos adorarem o
Anticristo (Ap 13:12), sob pena de morte (Ap 13:15). Os judeus, também, serão obrigados a adorar o
Anticristo, mas como, certamente, muitos se recusarão a fazê-lo, ele mostrará a
sua autoridade e força, e começará o que na profecia de Jeremias é chamado de o
“tempo de angústia para Jacó” (Jr 30:7).
2. Revelar
o tempo da Grande Tribulação (Mt 24:15,21). Com base no que foi exposto nos itens
anteriores, conclui-se que a septuagésima semana refere-se ao período da
Grande Tribulação (Mt 24:21), que há de vir sobre o mundo (Ap 3:10), e de forma
toda especial sobre o povo de Israel, para que se cumpra o restante da profecia
de Daniel (Dn 12:1-4).
É nesse período que o povo de Israel, através do
sofrimento, será purificado dos seus pecados. Então cumprir-se-á a profecia de
Daniel: “... para fazer cessar a
transgressão, para dar um fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para
trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o santo
dos santos"(Dn 9:24).
A
profecia de Daniel diz que o "príncipe, que há de vir" (Dn 9:26) fará
um pacto com Israel por sete anos (Dn 9:27). Talvez, o pacto tenha como
objetivo a garantia da liberdade de construir o Templo e cultuar a Deus. Os
judeus que rejeitaram a Jesus (João 1:11), aceitarão o Anticristo (João 5:43).
Depois de três anos e meio, o Anticristo romperá o pacto. Ele
profanará o Templo, ao assentar-se nele para ser adorado como Deus (2Ts 2:4).
Israel não aceitará a imposição de adorar a outro, senão a Jeová. Ele, então,
perseguirá impiedosamente os judeus. Os sofrimentos serão tremendos. Jesus, ao
falar destes acontecimentos, aconselha os judeus que estiverem morando em
Israel a fugirem para as montanhas (Mtr 24:16). Esta fuga está profeticamente
descrita em Apocalipse 12:14: “... e
foram dadas à mulher (Israel) as duas asas da grande águia, para que voasse até
o deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada
durante um tempo, tempos, e
metade de um tempo, fora da vista da serpente”.
É nesse período que Israel sofrerá "dores de
parto" (Is 66:8), a fim de que o remanescente fiel seja gerado. A
nação de Israel será perseguida, mas Deus lhe preparará um caminho de fuga -
“E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus
para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias”(Ap 12:6).
3.
Revelar a vitória gloriosa do Messias. Jesus Cristo, o Messias prometido, se revelará de modo especial na sua
vinda pessoal e visível sobre o Monte das Oliveiras (Zc 9:9,10). Ele aparecerá
em grande glória, acompanhado dos exércitos celestiais (Ap 19:11-14).
Cumprir-se-ão as palavras da Bíblia: “Eis
que vem com as nuvens, todo olho o verá” (Ap 1:7). Ele virá e instalará um
reino de paz e harmonia no mundo, desfazendo por completo o Anticristo, o falso
profeta e o próprio Diabo (Ap 19:19-21). Jesus virá acompanhado de sua Igreja,
com todos os salvos de todos os tempos. A Noiva, após participar das Bodas do
Cordeiro (Ap 19:9), aparecerá, agora, como a esposa de Cristo (Ap 21:9).
No momento em que Jesus aparecer
em glória, Israel estará no
auge do sofrimento. Jerusalém encontrar-se-á sob o domínio de muitos exércitos,
desejosos de sua destruição. Mas a vinda de Cristo em glória reverterá a
situação. Acontecerá algo novo. O Espirito Santo será derramado sobre os judeus,
conforme está escrito: “E sobre a casa de
Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de
súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem
pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito” (Zc 12:10)
A nação de Israel tomará
consciência de
que aquele Jesus que está vindo em glória é o Messias, o qual seus
predecessores rejeitaram e crucificaram. Então, lamentar-se-ão.
No
momento da vinda de Jesus em glória, cumprir-se-á a segunda parte da conhecida
profecia acerca do “vale de ossos secos” registrada em Ezequiel 37. A primeira
parte desta profecia cumpriu-se, quando da restauração nacional de Israel, a
partir de 1948. Os ossos se uniram, e Deus sobre eles pôs nervos, carne, pele
(Ez 37:5-8). O mundo viu com espanto um povo espalhado pelo planeta tornar-se
uma nação temida e respeitada em todas as áreas científicas. Mas a Bíblia
Sagrada diz que, no primeiro momento, não havia neles espírito (Ez 37:8), isto
é, Israel ainda não havia se reconciliado com o Senhor. A restauração era
apenas a da vida nacional. A segunda parte da profecia cumprir-se-á na vinda de
Jesus em glória, pois o Espirito de Deus será derramado sobre eles, e viverão,
e por-se-ão de pé um exército extremamente grande (Ez 37:10).
Neste tempo será cumprido o tempo determinado por Deus: “para extinguir a transgressão, e dar fim aos
pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna...” (Dn 9:24). Findarão,
então, as setenta semanas de Daniel. Desta feita, a visão e a profecia estarão
seladas (Dn 9:24). Jesus, então, instalará o Milênio. Israel, agora restaurado,
governará com Cristo por mil anos (Ap 20:2,5); será a nação líder, tanto
política como espiritualmente. Amém!!
CONCLUSÃO
Muitos,
hoje, que se dizem teólogos negam as profecias de Daniel e preferem alegorizar
as revelações de Deus dadas ao seu servo “muito amado” (Dn 10:11,19). Entretanto,
a igreja não pode se deixar levar pelo engano de falsos mestres que rejeitam as
verdades futuras estabelecidas pelo Senhor.
Fonte: ebdweb
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